Um novo fóssil de dinossauro foi encontrado em uma obra de duplicação da rodovia Rachid Rayes (SP-333) na última terça-feira (09), em Marília, interior de São Paulo.
O pedaço de osso, possivelmente do fêmur de um titanossauro, foi retirado e levado para o Museu Paleontológico da cidade para estudos. De acordo com o paleontólogo Willian Nava, coordenador do museu, o fóssil estava em um nível rochoso diferente de outra ossada resgatada no início de outubro, indicando serem de animais distintos, embora da mesma espécie.
O paleontólogo acredita que, entre a deposição de uma carcaça e da outra, podem ter se passado milhões de anos, o que reforça a tese de que o interior de São Paulo foi uma espécie de "parque dos dinossauros" no período cretáceo, entre 140 milhões e 65 milhões de anos atrás. Nos dois casos, os fósseis são de titanossauro, espécie de dinossauro herbívoro, caracterizado pela cauda e pescoço longos. Conforme o pesquisador, os achados indicam que essa espécie pode ter sido a fauna jurássica mais abundante no atual território paulista.
Nava explicou que o talude contendo os fósseis ultrapassa os 20 metros de altura. Os achados do início de outubro – um pedaço de fêmur e fragmentos menores – aconteceram no nível mais alto do barranco. Já os novos fósseis de um fêmur fragmentado durante as obras estavam em um ponto mais baixo, quase ao nível do leito da rodovia. As escavações para a retirada dos fósseis foram feitas com a ajuda do geólogo Nilson Bernardi, especialista em resgate arqueológico.
De acordo com Nava, como os achados estavam sobrepostos e, pelas características dos fósseis, são de animais diferentes, é possível deduzir que entre a deposição de uma ossada e da outra decorreu muito tempo. "Podemos afirmar que são restos de pelo menos dois titanossauros, pois há ossos na parte superior do corte da colina, como também encontramos fósseis quase ao nível da rodovia", explicou. As rochas contendo os fósseis foram levadas para o museu de Marília para a colagem dos fragmentos e a continuação dos estudos.
Além dos pedaços de fêmur encontrados agora e em outubro, já foram achados outros fósseis no mesmo sítio, como alguns fragmentos de costela, uma vértebra caudal e um osso que pode ser da pata dianteira do titanossauro. Os achados de fósseis na região remontam ao final do século passado. Em 1993, Nava encontrou um osso de quase 1 metro de comprimento, a 16 km de Marília. Quase 20 anos depois, ele fez outro grande achado: um titanossauro com 70% da ossada preservada, até hoje considerado o esqueleto dessa espécie mais completo do Brasil.
Foto: Divulgação/Museu de Paleontologia de Marília.
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